História

Carlos Sobral – O primeiro Capitão-Geral

O Clube de Football Os Belenenses formou-se graças à comunhão de um grupo de amantes do desporto, a maioria deles de Belém, que tinham já exercido a sua paixão por outros clubes de Lisboa e em diversas modalidades. Carlos Burnay da Cruz Sobral era um desses homens devotados ao desporto e que, ainda novo, evidenciava não só excelentes índices físicos como também um ecletismo digno de nota. Nascido em 1891, aos 18 anos já se notabilizava como um dos melhores nadadores portugueses. Existem poucas referências biográficas sobre ele pelo que é justa a menção a um artigo publicado na revista Tiro e Sport sobre as suas façanhas desportivas: “Carlos da Cruz Sobral é bem um dos laureados campeões do nosso meio desportivo. Alcançando pela segunda vez a Taça Aveiro no Campeonato de Portugal de natação (100 metros) e a Taça Carlos Magalhães na corrida de 500 metros disputada no dia 12 do corrente na Figueira da Foz, firmou brilhantemente as suas raras qualidades como nadador. Nos 100 metros e meio fundo, bem treinado, cremos ser invencível entre nós. A época decorrida tem sido para ele uma contínua série de vitórias. Nos 100 metros (campeonato anual da Real Associação Naval) clube que representa, nos 100 e 500 metros, campeonatos distritais, além das provas acima apontadas, tem Carlos Sobral ocupado sempre o primeiro lugar, vencendo com extraordinária energia e o seu magnífico estilo, competidores da força de Wright, Tait, irmãos Marçal, Andersen, Bellos, etc., etc., reconhecidos em Portugal como dos melhores nadadores. Não é, no entanto, somente na natação que Carlos Sobral tem sabido impor-se como elemento de valia. Dedicado cultor do foot-ball, remo, cricket, tennis, etc., ninguém como ele, trabalhador infatigável e crente entusiasta do desporto, alcançou tão rapidamente lugar proeminente. Muito novo ainda, há pouco mais de dois anos que o nome de Carlos Sobral começou a aparecer inscrito para diversos concursos: teams de foot-ball, cricket, etc. Vimo-lo pela primeira vez a jogar o foot-ball pelo Internacional. Era ainda um principiante. Sabendo-se aproveitar de bons conselhos e treinando muito conseguiu em pouco tempo o que muitos não conseguem em três ou quatro épocas. Depois remou e os instrutores do seu clube imediatamente lhe reconheceram todas as qualidades de um bom remo, dando-lhe o lugar honroso de voga nas primeiras regatas em que entrou e em que venceu brilhantemente o clube competidor. Na constituição de qualquer grupo de cricket, tennis, etc., nunca é esquecido o nome de Carlos Sobral. É elemento corajoso, decidido, enérgico, sempre treinado e acima de tudo modesto. Carlos da Cruz Sobral é bem um verdadeiro sportsman.”

Na sua carreira de futebolista, Sobral vagueou pelo CIF entre 1908 e 1915, com uma época de interrupção no Sporting (1911/12), indo depois para o Benfica onde esteve entre as épocas de 1915/16 e 1918/19, saindo então para formar com os seus amigos o clube do seu coração, o Belenenses. Este ínclito desportista esteve presente no grupo da Praça Afonso de Albuquerque nos fins de agosto de 1919 e na famosa primeira assembleia-geral do clube, que teve lugar no dia 2 de outubro desse ano, em que foi eleito como Capitão-Geral do clube. Curiosamente, foi dele a proposta que não vingaria sobre as cores do equipamento: camisola branca, calções pretos e Cruz de Malta como símbolo. De acordo com Carlos Soares da Silva, no seu livro História da Natação Portuguesa, Carlos Sobral foi o herói do romance Herói Derradeiro de Joaquim Paço d´Arcos, em que se refere: “Português leal e destemido, morto aos 26 de novembro de 1926, no hospital de Caia, na Zambézia, em consequência dos ferimentos recebidos num combate corpo a corpo com um leão.”

CARLOS SOBRAL – O PRIMEIRO CAPITÃO-GERAL

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